sábado, 20 de março de 2010

Desvairados pelo poder passageiro

Existem homens capazes e inteligentes. Perspicazes para o negócio. Empreendedores. Conhecedores de lei. Bons chefes, motivadores... mas que deixam se ofuscar pelo desvario do poder passageiro.


Uma vez num cargo de poder, se acham de novo belos e viris. Pensam ser amados e se esquecem que na verdade o que são é bajulados.

Não, queridos! Não são seus belos olhos! Mas o poder passageiro que você tem!

Usem a inteligência, e parem de agir como se pensassem com a cabeça do pênis!

Ou tudo estará perdido...

domingo, 14 de março de 2010

Não mais que palavras...

PALAVRAS, NÃO MAIS.

DAQUELAS QUE SE JOGAM AO VENTO,
PELA JANELA,
PELAS FRESTAS DA PORTA.
DAQUELAS QUE DIZEM ALGO SEM DIZER,
COMO QUERENDO DIZER OUTRA COISA.

POR QUE NUNCA DIRETAS?
POR QUE SEMPRE UM JOGO?
DE FALAR O QUE NÃO SE DISSE,
DE DIZER O QUE NÃO SE FALA?

ESTE DIZ QUE ME DISSE QUE ATORDOA
É CAPAZ DE ENLOUQUECER OS FRACOS
ENFRAQUECER OS FORTES.

SEMPRE O MESMO PROCESSO.
SEMPRE AO ACASO,
AO CHÃO, AO VENTO, PLANTADAS NA MEMÓRIA,
CRAVADAS NA HISTÓRIA.

BATEM E NUNCA VOLTAM:
JAMAIS VOLTAM
SEM CAUSAR CHORO OU RISO
SEM MUDAR ALGUM DESTINO.

MAIS TRANSFORMAM QUEM AS CAPTAM
DO QUEM AS EMITEM.

QUEBRAM ESQUINAS
DERRUBAM MUROS,
TRANSPÕEM GRADES,
GOLPEIAM CORAÇÕES.

SEMPRE ASSIM:
BATEM E NÃO VOLTAM.
NUNCA VOLTAM.

Eloisa Rocia

quarta-feira, 10 de março de 2010

Infância Espiritual

VENTRE MATERNO


Ventre tranquilo
proteção
sonhos e sons que não posso compreender.
Ando quando tu andas,
vou onde vais.
Sinto o que sentes,
choro se tu choras.

Me embalo neste abraço,
neste laço,
que nos une,
que nos ata,
quem dera prá sempre assim fosse!

Se te alimentas, me alimento.
Em tudo preciso dos teus atos.
Se fico agitado às vezes,
é prá lembrar-te que estou aqui!

Aqui é bom!
Tu me dás toda a atenção,
mesmo sem querer:
estamos ligados e, para mim, só existe você!

Meu referencial!
Meu sopro!
Meu contato com a vida!

Neste teu ventre
(meu mundo)
Posso sentir toda a dor que sentes,
(embora eu ainda não saiba o que isto vem a ser).
Sinto umas palpitações,
e um aperto na garganta quanto te agitas...
mas ainda não sei o que isto é.

Sou grato por tudo.
Por me deixar morar aqui por algum tempo.
Por me protegeres dos ladrões e,
especialmente,
sou grato quando me acaricias
e conversas comigo.
Estes são os meus melhores momentos,
mamãe!

ELOISA ROCIA

ORAÇÃO DO PEQUENO


Quantas vezes olho para o altar
sem entender,
sem ter prá dizer
palavras
súplicas
só te entrego lágrimas...

Olho para o céu e não sei
se vai chover,
se vai nevar,
escurecer...
Mas sei que Estás lá!

Tomo a tua mão calma
e sigo
sem saber se terei passos
se terei fôlego
se terei chão...
Mas sinto Tua mão na minha!

Basta-me a certeza
de que estás aqui.
Basta-me a graça de cada minuto.
Basta-me olhar o altar,
sem te ver,
às vezes até sem te sentir...
Basta-me a fé,
esta dependência,
esta convicção
de que sem Ti
nada sei, nada sou...

Basta-me a graça de cada dia.
Basta-me a Tua amizade certeira.
Basta-me o hoje.

ELOISA ROCIA

quinta-feira, 4 de março de 2010

Podridão do poder

O poder desfigura no homem o que ele tem de mais sublime.
Tendo ele faculdade de delegar, supõe estar em patamar mais elevado.
Conjectura estar e ser sobre o outro o seu senhor.

A soberania do ter tira do homem a necessidade de ser.
Basta ser e parecer para se ter prestígio, para se ser venerado.

O poderoso faz tremer ao reles mendigo.
O opulento balança seus tesouros ante aos olhos do torpe cidafão

O abastado vê como ínfimo tudo o que não brilha.
Tudo o que não é ouro não lhe basta, não lhe presta.
O poderoso plagia frases dos frágeis gênios débeis,
Parafraseia como se dono fosse de toda a literatura.

O poder humilha ainda mais os prostrados e, de tão soberbo,
devasta até mesmo outros poderosos.
O poder alimenta-se de sangue fresco de criancinhas.
Arde em desejo pelas almas sofridas.
O choro do miserável lhe desperta o gozo.

Todo o aplauso do mundo lhe é insuficiente.

O poder tem fome de ter sempre mais, e este mais é extraído de alguém, não interessa quem.
O poder precisa gritar para se impor.
Precisa ameaçar para ser obedecido
O poderoso, mesmo sabendo ser repudiado por todos, tem uma ansia louca de poder sempre mais... acha-se eterno.

Qualquer quadrúpede vive melhor que um poderoso.
Pensa mais, é mais e tem mais.

Demente homem que se apoia no poder passageiro para sustentar sua alegria!
Dia qualquer será sugado pela sede dos seus iguais.
Ficará só, pois devorou a todos ao seu redor com tal ferocidade,
que lhe restarão apenas ossos, quebradiços, secos, sem paixão...
dos homens vivos que foram devorados outrora pela sua
gana de ter!

ELOISA ROCIA (Muito, muito revoltada com este sistema animal!)


segunda-feira, 1 de março de 2010

Barco só

Negro céu
de vaga lua
barco distante
horizonte pleno
paisagem pobre

Quem vai julgar
silenciar
esta luz
este tom
este mar de incertezas?

Pobre barco
vai além
do que poderia
do que saberia:
se soubésseis ser um bote...
não chegaria!

Quem vai quebrar
deste olhar
a harmonia?
a pequena luz que irradia
da tímida lua sobre o mar?

Talvez seja pequeno o barco,
a vida
a lua...

Talvez seja tímido o céu,
o cais,
a luz...

Talvez seja pouco o saber,
o poder,
a beleza...

Mas é grande o pensar
o querer,
o marejar!

Longe se vai,
bote
mar adentro
em busca de um cais distante
de horizonte límpido
e luz intensa
que vai chegar.

ELOISA ROCIA