quinta-feira, 4 de março de 2010

Podridão do poder

O poder desfigura no homem o que ele tem de mais sublime.
Tendo ele faculdade de delegar, supõe estar em patamar mais elevado.
Conjectura estar e ser sobre o outro o seu senhor.

A soberania do ter tira do homem a necessidade de ser.
Basta ser e parecer para se ter prestígio, para se ser venerado.

O poderoso faz tremer ao reles mendigo.
O opulento balança seus tesouros ante aos olhos do torpe cidafão

O abastado vê como ínfimo tudo o que não brilha.
Tudo o que não é ouro não lhe basta, não lhe presta.
O poderoso plagia frases dos frágeis gênios débeis,
Parafraseia como se dono fosse de toda a literatura.

O poder humilha ainda mais os prostrados e, de tão soberbo,
devasta até mesmo outros poderosos.
O poder alimenta-se de sangue fresco de criancinhas.
Arde em desejo pelas almas sofridas.
O choro do miserável lhe desperta o gozo.

Todo o aplauso do mundo lhe é insuficiente.

O poder tem fome de ter sempre mais, e este mais é extraído de alguém, não interessa quem.
O poder precisa gritar para se impor.
Precisa ameaçar para ser obedecido
O poderoso, mesmo sabendo ser repudiado por todos, tem uma ansia louca de poder sempre mais... acha-se eterno.

Qualquer quadrúpede vive melhor que um poderoso.
Pensa mais, é mais e tem mais.

Demente homem que se apoia no poder passageiro para sustentar sua alegria!
Dia qualquer será sugado pela sede dos seus iguais.
Ficará só, pois devorou a todos ao seu redor com tal ferocidade,
que lhe restarão apenas ossos, quebradiços, secos, sem paixão...
dos homens vivos que foram devorados outrora pela sua
gana de ter!

ELOISA ROCIA (Muito, muito revoltada com este sistema animal!)


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